Quando procurar uma psicóloga?

Existem momentos na vida que um profissional pode nos ajudar a resolver uma situação ou orientar para que as pessoas fiquem bem consigo mesmas. Para estes momentos existe o psicólogo que poderá prestar essa ajuda através da psicoterapia. Neste blog darei exemplos de situações que você poderá procurá-lo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

ESTIGMA. O que são as pessoas estigmatizadas?

O uso moderno da palavra estigma originou-se na Grécia Antiga, onde se costumava marcar escravos fugitivos com a letra F. O nome dado a esta marca era STIGMA. Dessa forma, o uso de estigma foi entendido para significar qualquer sinal que se estabeleça ou infira condições de desvios de uma norma estabelecida.

Deve-se salientar que existem diversas categorias de estigma, podendo-se classificá-lo não só em relação ao portador mesmo, como em reação provocada nas outras pessoas.

Existem estigmas que são autocontroláveis, como a obesidade, uso de drogas, etc/ e outros que não o são, como defeitos congênitos, câncer, etc.
O que implica diretamente na forma como os portadores são julgados e na reação que provocam frente à sociedade.

Alguns estigmas considerados não autocontroláveis despertam o desejo de ajuda, possibilitando que se façam campanhas de sucesso visando auxiliar os seus portadores. Ex: portadores do mal de Alzheimer, cegos leucêmicos,etc.

Por outro lado, quando o grupo é considerado portador de problemas que "poderiam" ser auto-evitados, provoca junto à opinião pública maior ira e pouco desejo de ajuda.

Utilizamos termos específicos de estigma como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso diário como fonte de metáfora e representação, de maneira característica, sem pensar no seu significado original.

As pessoas tendem a colocar uma série de imperfeições a partir da imperfeição original e, ao mesmo tempo, a dar ao estigmatizado alguns atributos desejáveis mas não desejados. Freqüentemente de aspecto sobrenatural, tais como “sexto sentido” ou “percepção”.
Ex: Algumas pessoas podem hesitar em tocar ou guiar um cego, enquanto que outros generalizam a deficiência de visão sob a forma de uma incapacidade, de tal modo que o indivíduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta erguê-lo como se fosse aleijado.
  • Como a pessoa estigmatizada responde a tal situação?
Em alguns casos a pessoa tenta corrigir diretamente o que considera seu defeito.
Ex: uma pessoa fisicamente deformada se submete a uma cirurgia plástica, uma pessoa cega a um tratamento ocular, um analfabeto corrige sua educação.
Nas pessoas que ocorre o “tal conserto” não ocorre a aquisição de um status completamente normal, mas uma transformação , de alguém que tinha um defeito particular e se transforma em alguém que tem provas de ter o defeito corrigido.

O indivíduo estigmatizado pode, também tentar corrigir a sua condição de maneira indireta, dedicando um grande esforço individual ao domínio e áreas de atividade consideradas, geralmente, como fechadas, por motivos físicos e circunstanciais, a pessoas com o seu defeito.
Ex: o aleijado que aprende ou reaprende a nadar, montar, jogar tênis ou pilotar aviões, ou pelo cego que se torna perito em esquiar ou em escalar montanhas.

O indivíduo estigmatizado pode também, utilizar seu estigma para “ganhos secundários”, como desculpa pelo fracasso a que chegou por outras razões.
Ele pode também, ver as privações que sofreu como uma benção secreta, especialmente devido à crença de que o sofrimento muito pode ensinar a uma pessoas sobre a vida e sobre as outras pessoas. De certa maneira semelhante, ele pode vir a reafirmar as limitações dos normais.
O individuo estigmatizado pode descobrir que se sente inseguro em relação à maneira como os normais o identificarão e o receberão. Surge no estigmatizado a sensação de não saber aquilo que os outros estão realmente pensando dele. Ele sente que seus menores atos, podem ser avaliados como sinais se capacidades notáveis e extraordinárias nessas circunstâncias. Ao mesmo tempo, erros menores ou enganos podem ser interpretados como expressão direta de seu estigma.
Ex: pacientes mentais às vezes receiam uma discussão acalorada com a esposa ou o empregador por medo da interpretação errônea de suas emoções.
Além disso, durante os contatos com pessoas “normais”, é provável que o indivíduo estigmatizado sinta que está “em exibição”.
Esse desagrado em se expor pode ser aumentado por estranhos que se sentem livres para iniciar conversas nas quais expressam o que ela considera uma curiosidade mórbida sobre a sua condição, ou quando eles oferecem uma ajuda que não é necessária ou não é desejada.
Há certas formas clássicas dessas conversas: “minha querida, como você conseguiu esse aparelho de surdez”, “Meu avô tinha um, então acho que sei tudo sobre eles...”, “É acidente ou você nasceu assim, “A minha vizinha também sofreu dessa doença...”.

Tem pessoas que acreditam que o indivíduo estigmatizado pode ser abordado à vontade por estranhos, desde que eles sejam simpáticos à sua situação.
Considerando o que pode enfrentar ao entrar numa situação social com pessoas “normais”, o indivíduo estigmatizado pode responder antecipadamente através de uma capa defensiva, retraimento.
Em vez de se retrair, o indivíduo estigmatizado pode tentar aproximar-se de contatos com pessoas normais com agressividade, mas isso pode provocar nos outros uma série de respostas desagradáveis.
Sentiremos que o indivíduo estigmatizado ou é muito agressivo ou é muito tímido e que, ambos os casos, está pronto a ler significados não intencionais em nossas ações.

Nós próprios podemos sentir que, se demonstramos sensibilidade e interesse diretos por sua situação, estamos nos excedendo, ou que se, na realidade, esquecemos que ele tem um defeito, faremos, provavelmente, exigências impossíveis de serem cumpridas.
A chave para o bom entendimento é a consideração mutua, porque para ambos os normais e estigmatizados, o constrangimento pode se estabelecer.
Este texto foi compilado do livro Estigma de Erving Goffman.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog. Muito sensível e informativo.
    Abraços
    Sara
    www.sarapsi.zip.net

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  2. Oi, Sara

    Obrigada pelo comentário carinhoso. Também gostei muito do seu site, é inspirador.
    Sou voluntária (não como psicóloga ainda) do hospital do Câncer Infantil-GPACI aqui de Sorocaba. É legal ter seu site como indicação!

    Abraços, Evelin

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